segunda-feira, outubro 05, 2009

O Papão

As últimas eleições legislativas, decorridas no passado dia 27 de Setembro, abriram um novo cenário de governação em Portugal, algo semelhante àquele que os portugueses tiveram oportunidade de presenciar em 1983, aquando da formação do "Bloco Central", entre os dois partidos mais votados - (PS e PPD/PSD).
Não admira, portanto, que perante tal panorama, volte a ser assunto do dia a reedição do tão proclamado "Bloco Central", visto por ilustres representantes do PS e do PSD como o retorno de um "D. Sebastião" que há tanto é esperado em Portugal.

Está longe de ser esse o meu pensamento.

Antes de mais, urge referir que PS e PSD (com uma ligeira intromissão do CDS) foram e são (não acredito que assim seja no futuro) as únicas forças políticas que constituiram Governo na nossa Nação. Deste modo, e fazendo uma breve reflexão sobreo estado do País 35 anos após a Revolução dos Cravos, que supostamente implementariaum justo e transparente sistema político, social e económico, constatamos que estes dois partidos, PS e PSD, em nada serviram ou servem os interesses lusitanos.
Foi por esse sistema justo que os portugueses lutaram! Essa era a luta travada nessa Revolução, mas mais do que isso, essa foi a luta travada durante o PREC, o perído mais aterrorizador politica e socialmente em Portugal, desde a implementação da República.
Fomos, desde aí, governados por Mário Soares, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates...entre outros...
E 35 anos depois, somos provavelmente o país mais atrasado da União Europeia (quiçá da Europa) e, mais grave ainda, sem perspectivas de futuro. Resta-nos acreditar num reeleitoPrimeiro Ministro que mentiu descaradamente aos Portugueses durante quatro anos e meio (é ingénuo quem não acredita que ele o continuará a fazer!), que nunca conseguiu retirar Portugal da cauda da Europa - antes pelo contrário afundou-nos ainda mais - ou numa pseudo-oposição laranja que com a sua "política de verdade" nos quer fazer ver que eles sim, elevarão o nome do nosso País, como se nunca tivessem tido essa oportunidade!
Depois, é possível, numa análise de sensibilidade, tomar várias interpretações dos resultados eleitorais das eleições legislativas recentemente passadas.
Em primeiro lugar, considero impensável - estou certo que noutro qualquer país da União Europeia não aconteceria - o facto de perante tal descontentamento do povo com os seus Governantes, a abstenção atingir os 40%, valor (NOTE-SE!) superior à votação obtida quer pelo Partido Socialista (putativo vencedor do acto eleitoral), quer pelo PSD;
Depois, penso ser justo referir o facto de aproximadamente 30% dos votos (um terço da população votante - aproximadamente um milhão e setecentos mil votos) se terem destinado aos "pequenos partidos", destinando votos que outrora seriam seus para partidos com convicções - sejam comunistas o democratas-cristãos - tornando como os verdadeiros vencedores da noite, em primeiro lugar, o CDS/PP, logo seguido pelo Bloco de Esquerda. Ora, estes resultados podem ser explicados pelo "cansaço" que o Povo Português sente por ser orientado pelos mesmos partidos desde há vários anos a esta parte e, em consequência, termos um país cada vez pior.

Deste modo, e porque - à excepção do período entre 1983 e 1985, em que ambos (e juntos) governaram (e mal!) - cada um dos partidos (PS e PSD) foram alternadamente governando e orientando por si só as lides deste país, a última coisa que gostaria de ver - e como eu milhares ou milhões de portugueses - seria a reedição de um "Bloco Central", em que pior do que um partido a Governar mal, teríamos dois partidos a Governar mal em simultâneo.

Bloco Central não, o Papão não pode voltar.

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