segunda-feira, abril 26, 2010

25 de Abril: Mais um aniversário...

Porque passou mais um aniversário sobre o 25 de Abril de 1974 (o 36.º...), surge este post que diz respeito ao discurso que tive oportunidade de fazer, em representação do CDS/PP na Assembleia Municipal de VN Famalicão, há 3 anos atrás.
É curioso como, 3 anos depois do discurso (ou deverei dizer 36 anos após a Revolução...?!), este continua tão actual...

"Ex. Mos

Senhor Presidente da Assembleia Municipal

Senhor Presidente da Câmara Municipal

Senhores Vereadores

Senhores Deputados

Senhores Presidentes de Junta

Autoridades Civis, Militares e Religiosas

Minhas Senhoras, meus Senhores,

Caros Jovens:

Comemoramos Abril! 25 de Abril de 1974.

Passam hoje 33 anos sobre a data da Revolução dos Cravos.

Àquela data não era nascido.

No entanto, inseridos que estamos numa sociedade informativa e presumivelmente informada, seria pouco credível que um jovem minimamente interessado não tivesse substancial conhecimento dos factos à época ocorridos, das motivações para tanto, dos resultados e consequência dos mesmos e, essencialmente da capacidade que devemos ter, enquanto jovens, que nos devemos preparar eficazmente para “gerir” o futuro, da capacidade, dizemos, para sobre os mesmos nos debruçarmos, meditando e retirando as devidas ilações.

Constituiu a Revolução de Abril de 1974 um ponto de viragem na História recente do nosso país. Eventualmente terá sido para todos quantos a levaram a cabo, a “derradeira” saída para a libertação do Povo de um regime anti-democrático, opressivo e que, àquele tempo, já caminhava contra a História. Isto é, não era concebível.

- A opressão na Metrópole;

- A opressão/sujeição a que estavam votados os Povos Ultramarinos;

- O recrutamento dos jovens para cumprirem o Serviço Militar Obrigatório mantendo uma Guerra sem sentido;

- As máximas adoptadas e a que era feito “jus” pela Governação, apelando a “valores” que não se coadunavam com o pensamento e a prática generalizada, na segunda metade do século XX;

- O não desenvolvimento global do nosso País;

- As duras, amargas e tantas vezes injustas condições laborais que mantinham uma significativa parte da população activa em condições quase de miséria;

- A Educação e a Cultura centradas em “mitos” e que redundavam em exagerado analfabetismo;

- A censura impedindo a divulgação cultural e o consequente acesso;

- A existência de estruturas de manutenção do Poder instituído, opressores por excelência;

- A proibição de existência de Partidos Políticos e Organizações Sindicais;

- O manifesto afastamento, em termos latos, dos restantes Países e essencialmente dos respeitadores dos Direitos Humanos…

…nomeadamente contribuíram para a Revolução Operada que constituiu a ESPERANÇA de um futuro melhor, graças à coragem dos “Capitães de Abril” que homenageamos.

Chamava-se então por PAZ, PÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO…LIBERDADE!...DEMOCRACIA!!

E era possível!

O período post-revolucionário viria a expor ainda mais as “fraquezas” do regime derrubado, apesar das aparências de muitos anos.

Poderemos aqui dizer que houve excessos. Houve! E muitos! Porém, permitimo-nos entendê-los.

Desde logo, pela compreensível imaturidade democrática; a confusão no conceito de liberdade. Queria-se, desejava-se como de “pão para a boca”, mas não estava ainda devidamente assimilado o conceito.

Depois pela ânsia e necessidades acumuladas e crescentes de um Povo oprimido, de um Povo triste, que pretendia ser feliz.

Mas era preciso dar tempo ao tempo.

E neste particular do tempo ao tempo, permitimo-nos aqui saudar, todos quantos colocando o seu saber ao serviço de Portugal foram capazes de criar condições para a consolidação do Regime Democrático instaurado pela Revolução, e nomeadamente os líderes dos Partidos Políticos que de uma ou outra forma se impuseram e inviabilizaram qualquer retrocesso.

Entretanto, ocorreria a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, mais tarde à União Europeia e depois à moeda única.

Os recursos canalizados por força de tal adesão permitiram significativa melhoria das condições de vida em Portugal. Aliás, era esse o sentido.

No entanto, continuamos aquém.

Ao comemorarmos o 33º aniversário da Revolução, que constituiu a ESPERANÇA dos Portugueses no Portugal ao nível dos restantes países da Europa, verificamos, com tristeza, que estamos muito aquém da maior parte dos países que fazem parte da União Europeia em que nos inserimos.

E pode e deve este momento que é de homenagem a tantos e “valorosos” cidadãos servir para uma profunda e exigível reflexão.

Reflexão exigível na medida em que pretendemos canalizar todas as energias e envidar todos os esforços rumo ao futuro;

Reflexão profunda sob pena de a dialéctica, a argumentação apresentada pelos responsáveis pela gestão da “coisa pública”, nos induzir em erro e a todos encaminhar no sentido de um “despercebido” regresso, valendo-se da polissemia própria dos nossos vocábulos mas que em termos práticos redundará, como parece redundar, no exercício do “poder autoritário”, em vez do exercício com autoridade. São exemplos as mais ou menos recentes medidas e tomadas de posição em sectores como a Educação, contra alunos e professores, na Saúde em manifesto prejuízo dos utentes; nas Finanças, quando os contribuintes fiscais são perseguidos e “espoliados”, nos Investimentos Públicos, quando são adoptadas medidas de carácter técnico e que deveriam ser tomadas exclusivamente por técnicos, o são por políticos…alguns dos casos que revertem exactamente a vontade autoritária e a medida do autoritarismo.

Preocupados que estamos com o futuro e cientes que nos incumbirão responsabilidades, dada a classe etária em que nos encontramos, manifestamos a nossa disponibilidade para continuar a comemorar Abril, mas cientes de que é urgente RENOVAR A ESPERANÇA.

E por tanto pugnaremos.

Comemoraremos Abril, sempre!"