segunda-feira, maio 17, 2010

Uma proposta de emprego em Portugal

Apesar de não se enquadrar nos conteúdos deste blog, mas uma vez que o mesmo pretende contribuir, seja em que área for, para a melhoria de quaisquer condições, julguei pertinente a elaboração deste post.

Num dos sites de procura e oferta de emprego, a empresa Amorim&Adriano, Construções Lda. decidiu formular e publicar uma proposta: requisitar um licenciado em Engenharia Civil. Reparem bem no português (passo a transcrever o artigo):

"Nasce-mos em Fevereiro de 2002 com o nome de Pinturas Amorim & Adriano, Lda. tendo como actividade apenas a pintura da construção civil. Por imposição de mercado em 2005 alargou a sua área de negócio. Passou a executar além do serviço de pintura, arte de pedreiro, trolha, rebocos, recuperação/reparação de edifícios, assentamento de cerâmicas e isolamentos térmicos.
Pela elevada diversidade de áreas de negócio abrangidas pela nossa empresa, em 2010, alteramos a denominação social para Amorim & Adriano, Construções, lda. Para servir os nossos clientes temos uma equipa de 23 colaboradores,

Estamos a recrutar
proficionais qualificados.

Se tem
curagem e bontade para enfrentar o mundo do trabalho envie-nos o seu CV

Naturalmente, fiquei indignado e decidi responder:
"Boa tarde.
Como Engenheiro Civil, mas acima de tudo como Português (e letrado!) fiquei boquiaberto ao ler uma calamidade tão grande como a vossa proposta de emprego!
Como é possível que uma empresa que pretende alargar os seus horizontes não saiba sequer escrever português?!
É impensável, nos dias que correm!
Admira-se o povo português pelo facto da nossa nação ter chegado onde chegou e ter batido no fundo!

Como tal, aproveito para alertar para a situação e espero que consigam corrigir os erros, sob pena de lhes passarem ao lado grandes oportunidades de carreira.
"Nasce-mos" - Nascemos;
"Proficionais" - Profissionais;
"Curagem" - Coragem;
"Bontade" - Vontade.

Espero que aceitem a sugestão, para vosso benefício.

Cumprimentos,
João Nascimento,
Engenheiro Civil."

É inacreditável como um país enquadrado na União Europeia, no séc. XXI !!!!, ainda permita estas situações...

quarta-feira, maio 12, 2010

O Papa e a polémica...

De há uns tempos para cá, e mesmo agora que o Papa Bento XVI se encontra em Portugal, têm-se levantado umas "vozes do além" sobre a razão da visita do Santo Padre a Portugal, bem como a sua importância, questionando-se e questionando os outros (para não dizer 'afirmando') sobre a relevância e pertinência desta visita. 'É mesmo importante que ele venha?', perguntam...'Não vem cá fazer nada.', afirmam...
Pois, meus amigos, devo dizer que discordo!
Num ponto estamos de acordo: Bento XVI não é João Paulo II. É um Papa diferente, é uma pessoa diferente, mas não pode ser criticado por isso! João Paulo II (ou Karol Wojtyla) era uma pessoa especial...um Santo (na verdadeira acepção da palavra, correndo o processo de beatificação); Mas Bento XVI (ou Ratzinger) é - inspiro-me nas palavras de Aura Miguel e o seu livro - "um génio nos tempos que correm". É também uma pessoa especial. Mas dou o benefício da dúvida a quem pretende uma comparação de carácter e mentalidades. Concedo.

Neste momento, e com tanta crítica à visita Papal, cruzam-se-me na mente várias ideias...
Uma delas é relacionada com a Comunicação Social. Porque dão tanta importância a estas críticas. Sim, porque se a Comunicação Social não desse a importância que dá a essa minoria (cuja dimensão se agiganta virtualmente pelo tempo de antena concedido), primeiro, a 'minoria' já tinha percebido que poucos são (à excepção da própria comunicação social) os que lhes dão ouvidos, e segundo esse fetiche que tão arduamente defendem já se lhes tinha corrido da mente (porque sei que não é gente de convicções!);
Outra ideia que se me afigura é a do ateísmo. Recorrendo aos dicionários, 'ateísmo é a posição filosófica de que não existem deuses, ou que rejeita o conceito do teísmo. Em lato sensu, é a ausência de crença na existência de divindades.' Ora, as opiniões que ultimamente os pseudo-ateus têm vindo a emitir em nada se relacionam com esta definição. Tenho assistido com frequência a um mal-estar dos pseudo-ateus, a uma insegurança que a visita Papal possa trazer ou, porque não dizer, a um ódio de estimação que foram gerando à Igreja ao longo destes últimos anos. Como ateus que se rogam, deveriam pura e simplesmente ignorar a visita Papal e comportarem-se como se dias normais estivessem a viver. No entanto, passam o dia a maldizer, e por vezes quase em tom de insulto, a tentar depreciar e infamar a visita de Bento XVI. A sabedoria popular vem ao de cima nestes casos: "Os cães ladram, e a caravana passa".

Ainda que pudesse conceder qualquer dos argumentos vertidos no parágrafo anterior aos pseudo-ateus, que não concedo!, viriam eles com outros argumentos:
"O Estado, laico, gasta milhões de euros, pagos pelos contribuintes, para receber o Papa.".
É verdade. Gasta. E em tempo de crise, poderia ser dinheiro precioso. Mas então vejamos (e pergunto-me se nunca ninguém se lembrou disto ou se apenas se lembrou e se dignou omitir): Será que a visita do Papa a Portugal não traz benefícios? E o turismo? Não aumentará? E, consequentemente, o comércio não será beneficiado? Será que é tudo trevas? Não conseguem ver um ponto de positivismo nesta visita? Conseguem claro...não conseguem é dizê-lo...
Mas há mais. Continuemos: em tempo de crise, não seria também precioso o dinheiro que o Estado Português gastará em empréstimos à Grécia? Pergunto-me...
Em tempo de crise, não seria tempo de adiar os grandes investimentos públicos para poupar umas coroas? Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar uma terceira auto-estrada Lisboa-Porto; mas pago-a! Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar um TGV; mas pago-o! Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar um aeroporto; mas pago-o! Eu, como contribuinte, também não quero ter que pagar investimentos do Estado em Angola; mas pago-os! Portanto, meus amigos, não venham com essa! E muito menos com o argumento de que as obras públicas são para benefícios próprios, porque da visita do Papa a Portugal também os retiramos.
Além disso, sempre fomos, à semelhança do discurso presidencial na recepção ao Santo Padre, um país que sabe receber com hospitalidade. Recebemos o Papa como recebemos outro qualquer líder religioso (com a pompa e circunstância que cada um merece, naturalmente sujeitos às adaptações ponderadas da fatia populacional que cada um representa!). Sempre fomos assim e, ainda que os cães continuem a ladrar, continuaremos a ser.

Portugal tem estado nas bocas do mundo nos últimos dias e, pela PRIMEIRA VEZ EM MUITOS ANOS, não é pelas piores razões.

Obrigado Bento XVI por ter vindo até nós!

segunda-feira, maio 10, 2010

E mentem, e mentem, e mentem...

Ligo a RTPN e deparo-me com um slogan, no mínimo, inesperado: "Ministro das Finanças considera aumento de impostos.". Inacreditável. Impensável. Que falta de carácter!
Esta seria a última medida governamental que eu esperava ver ser tomada para arrumar as contas públicas! Não por não entender necessário (ou imprescindível, quem sabe?), mas por ainda acreditar - talvez ingenuamente - na seriedade, na honra e na palavra das pessoas.
Se achavam que poderia ser imprescindível um aumento de impostos, que o tivessem dito! Que não mentissem!!
Os portugueses passaram o tempo a ouvir, durante a "caça aos votos" em tempo de campanha eleitoral que "aumentar os impostos seria um cenário irrealista, sem qualquer hipótese de acontecer." Querem adivinhar quem o disse?
Então vejamos (e citemos):

3 Dezembro 2009 - Expresso - O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, garantiu que "o Governo não vai aumentar os impostos."

15 Janeiro 2010 - Destak - Primeiro Ministro garante que não haverá lugar a aumento de impostos;

27 de Janeiro 2010 - Antena 1 - Teixeira dos Santos afirma não haver actualização salarial na Função Pública mas garante que não há aumento de impostos;

2 de Fevereiro 2010 - Rádio Renascença - O Primeiro-ministro reafirma o compromisso de não aumentar impostos.

15 Fevereiro 2010 - SIC - Ministro das Finanças garante que não vai aumentar impostos;

9 Março 2010 - Jornal de Negócios - Primeiro Ministro recusou que PEC implique aumento de impostos; Neste particular, e nesta data, deve ressalvar-se a posição do Governador do Banco de Portugal (inerente a toda a capacidade que (não) lhe reconheço e tudo o que daí possa advir!), que considerou inevitável um aumento de impostos indirectos ao longo dos próximos anos, como forma de conter o défice!!

Mas não...o senhor Primeiro Ministro e o senhor Ministro das Finanças é que sabem! Eles é que são as inteligências que regem este país!
A partir de Março, a história começou a ser outra:

10 Março 2010 - Económico - Governo só aumentará impostos para os ricos;

E para terminar em beleza:
9 Maio 2010 - RTPN - Ministro das Finanças considera aumento de impostos.

Ora, meus amigos, é vergonhosa a falta de carácter e seriedade dos nossos Governantes!
Noutros tempos, ainda que de uma ditadura se tratasse - e todas as consequências que daí advêm - não era qualquer um que chegava a Ministro. Os Ministros eram gente séria, estudiosa, entendida e até certo ponto "inatingível". Quero dizer com isto que, ao contrário de outros tempos, hoje qualquer um corre o risco de se tornar adjunto de um Ministro, Secretário de Estado, Ministro ou mesmo Primeiro-Ministro. E aí está o exemplo: temos à frente do Governo um mentiroso, um incapaz, que começa a contagiar aqueles que o rodeiam (ainda que se auto-proclamem professores catedráticos com uma sabedoria acima da média). E isto leva-nos a ter o país que temos! Um país de desenrascas e desenrascados, um país em que a mentira não tem consequências ainda que seja praticada pelos mais altos representantes da Nação, um país em que qualquer mentiroso se arrisca a ser defendido por um conjunto de advogados do diabo, rogando a sua boa-fé e preocupando-se imediatamente em instaurar um processo de vitimização, ainda que nada saibam sobre quem defendem...
É esta a sina deste país...
Um país onde a discussão com incompetentes a nada leva, sendo que os incompetentes se preocupam primeiro em baixar-nos ao nível deles e depois ganhar-nos em experiência!
Vamos arregaçar as mangas, vamos ao trabalho, vamos mudar isto!
Não aceitem ser representados por mentirosos; não aceitem que além-fronteiras nos vejam como um povo mesquinho e corrupto; não aceitem que os Governantes façam o que lhes apetece! A Democracia foi criada com outro propósito, que não o que lhe é dado neste momento! Foi criada com o propósito de servir o Povo, de demolir alguns limites à representação popular e de dar ao Povo e pelo Povo a opção de escolher os seus representantes, de fazer valer a sua opinião e ideologias! Vamos fazê-lo! Vamos usar a Democracia e não permitir que alguns abusem dela
Estamos sempre a tempo!
E a maior ajuda que nós, os que querem a mudança (maioritariamente de mentalidades) poderíamos ter, era que os que hoje ainda acreditam neste tipo de sociedade acordassem e caíssem na real! E aí sim, iriam ver o que nos têm vindo a fazer passar!