quarta-feira, maio 12, 2010

O Papa e a polémica...

De há uns tempos para cá, e mesmo agora que o Papa Bento XVI se encontra em Portugal, têm-se levantado umas "vozes do além" sobre a razão da visita do Santo Padre a Portugal, bem como a sua importância, questionando-se e questionando os outros (para não dizer 'afirmando') sobre a relevância e pertinência desta visita. 'É mesmo importante que ele venha?', perguntam...'Não vem cá fazer nada.', afirmam...
Pois, meus amigos, devo dizer que discordo!
Num ponto estamos de acordo: Bento XVI não é João Paulo II. É um Papa diferente, é uma pessoa diferente, mas não pode ser criticado por isso! João Paulo II (ou Karol Wojtyla) era uma pessoa especial...um Santo (na verdadeira acepção da palavra, correndo o processo de beatificação); Mas Bento XVI (ou Ratzinger) é - inspiro-me nas palavras de Aura Miguel e o seu livro - "um génio nos tempos que correm". É também uma pessoa especial. Mas dou o benefício da dúvida a quem pretende uma comparação de carácter e mentalidades. Concedo.

Neste momento, e com tanta crítica à visita Papal, cruzam-se-me na mente várias ideias...
Uma delas é relacionada com a Comunicação Social. Porque dão tanta importância a estas críticas. Sim, porque se a Comunicação Social não desse a importância que dá a essa minoria (cuja dimensão se agiganta virtualmente pelo tempo de antena concedido), primeiro, a 'minoria' já tinha percebido que poucos são (à excepção da própria comunicação social) os que lhes dão ouvidos, e segundo esse fetiche que tão arduamente defendem já se lhes tinha corrido da mente (porque sei que não é gente de convicções!);
Outra ideia que se me afigura é a do ateísmo. Recorrendo aos dicionários, 'ateísmo é a posição filosófica de que não existem deuses, ou que rejeita o conceito do teísmo. Em lato sensu, é a ausência de crença na existência de divindades.' Ora, as opiniões que ultimamente os pseudo-ateus têm vindo a emitir em nada se relacionam com esta definição. Tenho assistido com frequência a um mal-estar dos pseudo-ateus, a uma insegurança que a visita Papal possa trazer ou, porque não dizer, a um ódio de estimação que foram gerando à Igreja ao longo destes últimos anos. Como ateus que se rogam, deveriam pura e simplesmente ignorar a visita Papal e comportarem-se como se dias normais estivessem a viver. No entanto, passam o dia a maldizer, e por vezes quase em tom de insulto, a tentar depreciar e infamar a visita de Bento XVI. A sabedoria popular vem ao de cima nestes casos: "Os cães ladram, e a caravana passa".

Ainda que pudesse conceder qualquer dos argumentos vertidos no parágrafo anterior aos pseudo-ateus, que não concedo!, viriam eles com outros argumentos:
"O Estado, laico, gasta milhões de euros, pagos pelos contribuintes, para receber o Papa.".
É verdade. Gasta. E em tempo de crise, poderia ser dinheiro precioso. Mas então vejamos (e pergunto-me se nunca ninguém se lembrou disto ou se apenas se lembrou e se dignou omitir): Será que a visita do Papa a Portugal não traz benefícios? E o turismo? Não aumentará? E, consequentemente, o comércio não será beneficiado? Será que é tudo trevas? Não conseguem ver um ponto de positivismo nesta visita? Conseguem claro...não conseguem é dizê-lo...
Mas há mais. Continuemos: em tempo de crise, não seria também precioso o dinheiro que o Estado Português gastará em empréstimos à Grécia? Pergunto-me...
Em tempo de crise, não seria tempo de adiar os grandes investimentos públicos para poupar umas coroas? Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar uma terceira auto-estrada Lisboa-Porto; mas pago-a! Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar um TGV; mas pago-o! Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar um aeroporto; mas pago-o! Eu, como contribuinte, também não quero ter que pagar investimentos do Estado em Angola; mas pago-os! Portanto, meus amigos, não venham com essa! E muito menos com o argumento de que as obras públicas são para benefícios próprios, porque da visita do Papa a Portugal também os retiramos.
Além disso, sempre fomos, à semelhança do discurso presidencial na recepção ao Santo Padre, um país que sabe receber com hospitalidade. Recebemos o Papa como recebemos outro qualquer líder religioso (com a pompa e circunstância que cada um merece, naturalmente sujeitos às adaptações ponderadas da fatia populacional que cada um representa!). Sempre fomos assim e, ainda que os cães continuem a ladrar, continuaremos a ser.

Portugal tem estado nas bocas do mundo nos últimos dias e, pela PRIMEIRA VEZ EM MUITOS ANOS, não é pelas piores razões.

Obrigado Bento XVI por ter vindo até nós!

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