sábado, outubro 08, 2011

Naturalmente...

http://www.expansion.com/blogs/belloso/2011/10/03/estoy-naturalmente-con-los-ricos.html
Um bom artigo sobre a suposta criação de uma taxa sobre a riqueza e o imposto sobre o património (que também já condenei!)

Winston Churchill disse um dia:

"O socialismo é a filosofia do fracasso, a crença na ignorância, a pregação da inveja. A sua virtude inerente é a distribuição igualitária da miséria."

segunda-feira, maio 17, 2010

Uma proposta de emprego em Portugal

Apesar de não se enquadrar nos conteúdos deste blog, mas uma vez que o mesmo pretende contribuir, seja em que área for, para a melhoria de quaisquer condições, julguei pertinente a elaboração deste post.

Num dos sites de procura e oferta de emprego, a empresa Amorim&Adriano, Construções Lda. decidiu formular e publicar uma proposta: requisitar um licenciado em Engenharia Civil. Reparem bem no português (passo a transcrever o artigo):

"Nasce-mos em Fevereiro de 2002 com o nome de Pinturas Amorim & Adriano, Lda. tendo como actividade apenas a pintura da construção civil. Por imposição de mercado em 2005 alargou a sua área de negócio. Passou a executar além do serviço de pintura, arte de pedreiro, trolha, rebocos, recuperação/reparação de edifícios, assentamento de cerâmicas e isolamentos térmicos.
Pela elevada diversidade de áreas de negócio abrangidas pela nossa empresa, em 2010, alteramos a denominação social para Amorim & Adriano, Construções, lda. Para servir os nossos clientes temos uma equipa de 23 colaboradores,

Estamos a recrutar
proficionais qualificados.

Se tem
curagem e bontade para enfrentar o mundo do trabalho envie-nos o seu CV

Naturalmente, fiquei indignado e decidi responder:
"Boa tarde.
Como Engenheiro Civil, mas acima de tudo como Português (e letrado!) fiquei boquiaberto ao ler uma calamidade tão grande como a vossa proposta de emprego!
Como é possível que uma empresa que pretende alargar os seus horizontes não saiba sequer escrever português?!
É impensável, nos dias que correm!
Admira-se o povo português pelo facto da nossa nação ter chegado onde chegou e ter batido no fundo!

Como tal, aproveito para alertar para a situação e espero que consigam corrigir os erros, sob pena de lhes passarem ao lado grandes oportunidades de carreira.
"Nasce-mos" - Nascemos;
"Proficionais" - Profissionais;
"Curagem" - Coragem;
"Bontade" - Vontade.

Espero que aceitem a sugestão, para vosso benefício.

Cumprimentos,
João Nascimento,
Engenheiro Civil."

É inacreditável como um país enquadrado na União Europeia, no séc. XXI !!!!, ainda permita estas situações...

quarta-feira, maio 12, 2010

O Papa e a polémica...

De há uns tempos para cá, e mesmo agora que o Papa Bento XVI se encontra em Portugal, têm-se levantado umas "vozes do além" sobre a razão da visita do Santo Padre a Portugal, bem como a sua importância, questionando-se e questionando os outros (para não dizer 'afirmando') sobre a relevância e pertinência desta visita. 'É mesmo importante que ele venha?', perguntam...'Não vem cá fazer nada.', afirmam...
Pois, meus amigos, devo dizer que discordo!
Num ponto estamos de acordo: Bento XVI não é João Paulo II. É um Papa diferente, é uma pessoa diferente, mas não pode ser criticado por isso! João Paulo II (ou Karol Wojtyla) era uma pessoa especial...um Santo (na verdadeira acepção da palavra, correndo o processo de beatificação); Mas Bento XVI (ou Ratzinger) é - inspiro-me nas palavras de Aura Miguel e o seu livro - "um génio nos tempos que correm". É também uma pessoa especial. Mas dou o benefício da dúvida a quem pretende uma comparação de carácter e mentalidades. Concedo.

Neste momento, e com tanta crítica à visita Papal, cruzam-se-me na mente várias ideias...
Uma delas é relacionada com a Comunicação Social. Porque dão tanta importância a estas críticas. Sim, porque se a Comunicação Social não desse a importância que dá a essa minoria (cuja dimensão se agiganta virtualmente pelo tempo de antena concedido), primeiro, a 'minoria' já tinha percebido que poucos são (à excepção da própria comunicação social) os que lhes dão ouvidos, e segundo esse fetiche que tão arduamente defendem já se lhes tinha corrido da mente (porque sei que não é gente de convicções!);
Outra ideia que se me afigura é a do ateísmo. Recorrendo aos dicionários, 'ateísmo é a posição filosófica de que não existem deuses, ou que rejeita o conceito do teísmo. Em lato sensu, é a ausência de crença na existência de divindades.' Ora, as opiniões que ultimamente os pseudo-ateus têm vindo a emitir em nada se relacionam com esta definição. Tenho assistido com frequência a um mal-estar dos pseudo-ateus, a uma insegurança que a visita Papal possa trazer ou, porque não dizer, a um ódio de estimação que foram gerando à Igreja ao longo destes últimos anos. Como ateus que se rogam, deveriam pura e simplesmente ignorar a visita Papal e comportarem-se como se dias normais estivessem a viver. No entanto, passam o dia a maldizer, e por vezes quase em tom de insulto, a tentar depreciar e infamar a visita de Bento XVI. A sabedoria popular vem ao de cima nestes casos: "Os cães ladram, e a caravana passa".

Ainda que pudesse conceder qualquer dos argumentos vertidos no parágrafo anterior aos pseudo-ateus, que não concedo!, viriam eles com outros argumentos:
"O Estado, laico, gasta milhões de euros, pagos pelos contribuintes, para receber o Papa.".
É verdade. Gasta. E em tempo de crise, poderia ser dinheiro precioso. Mas então vejamos (e pergunto-me se nunca ninguém se lembrou disto ou se apenas se lembrou e se dignou omitir): Será que a visita do Papa a Portugal não traz benefícios? E o turismo? Não aumentará? E, consequentemente, o comércio não será beneficiado? Será que é tudo trevas? Não conseguem ver um ponto de positivismo nesta visita? Conseguem claro...não conseguem é dizê-lo...
Mas há mais. Continuemos: em tempo de crise, não seria também precioso o dinheiro que o Estado Português gastará em empréstimos à Grécia? Pergunto-me...
Em tempo de crise, não seria tempo de adiar os grandes investimentos públicos para poupar umas coroas? Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar uma terceira auto-estrada Lisboa-Porto; mas pago-a! Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar um TGV; mas pago-o! Eu, como contribuinte, também não quero ter de pagar um aeroporto; mas pago-o! Eu, como contribuinte, também não quero ter que pagar investimentos do Estado em Angola; mas pago-os! Portanto, meus amigos, não venham com essa! E muito menos com o argumento de que as obras públicas são para benefícios próprios, porque da visita do Papa a Portugal também os retiramos.
Além disso, sempre fomos, à semelhança do discurso presidencial na recepção ao Santo Padre, um país que sabe receber com hospitalidade. Recebemos o Papa como recebemos outro qualquer líder religioso (com a pompa e circunstância que cada um merece, naturalmente sujeitos às adaptações ponderadas da fatia populacional que cada um representa!). Sempre fomos assim e, ainda que os cães continuem a ladrar, continuaremos a ser.

Portugal tem estado nas bocas do mundo nos últimos dias e, pela PRIMEIRA VEZ EM MUITOS ANOS, não é pelas piores razões.

Obrigado Bento XVI por ter vindo até nós!

segunda-feira, maio 10, 2010

E mentem, e mentem, e mentem...

Ligo a RTPN e deparo-me com um slogan, no mínimo, inesperado: "Ministro das Finanças considera aumento de impostos.". Inacreditável. Impensável. Que falta de carácter!
Esta seria a última medida governamental que eu esperava ver ser tomada para arrumar as contas públicas! Não por não entender necessário (ou imprescindível, quem sabe?), mas por ainda acreditar - talvez ingenuamente - na seriedade, na honra e na palavra das pessoas.
Se achavam que poderia ser imprescindível um aumento de impostos, que o tivessem dito! Que não mentissem!!
Os portugueses passaram o tempo a ouvir, durante a "caça aos votos" em tempo de campanha eleitoral que "aumentar os impostos seria um cenário irrealista, sem qualquer hipótese de acontecer." Querem adivinhar quem o disse?
Então vejamos (e citemos):

3 Dezembro 2009 - Expresso - O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, garantiu que "o Governo não vai aumentar os impostos."

15 Janeiro 2010 - Destak - Primeiro Ministro garante que não haverá lugar a aumento de impostos;

27 de Janeiro 2010 - Antena 1 - Teixeira dos Santos afirma não haver actualização salarial na Função Pública mas garante que não há aumento de impostos;

2 de Fevereiro 2010 - Rádio Renascença - O Primeiro-ministro reafirma o compromisso de não aumentar impostos.

15 Fevereiro 2010 - SIC - Ministro das Finanças garante que não vai aumentar impostos;

9 Março 2010 - Jornal de Negócios - Primeiro Ministro recusou que PEC implique aumento de impostos; Neste particular, e nesta data, deve ressalvar-se a posição do Governador do Banco de Portugal (inerente a toda a capacidade que (não) lhe reconheço e tudo o que daí possa advir!), que considerou inevitável um aumento de impostos indirectos ao longo dos próximos anos, como forma de conter o défice!!

Mas não...o senhor Primeiro Ministro e o senhor Ministro das Finanças é que sabem! Eles é que são as inteligências que regem este país!
A partir de Março, a história começou a ser outra:

10 Março 2010 - Económico - Governo só aumentará impostos para os ricos;

E para terminar em beleza:
9 Maio 2010 - RTPN - Ministro das Finanças considera aumento de impostos.

Ora, meus amigos, é vergonhosa a falta de carácter e seriedade dos nossos Governantes!
Noutros tempos, ainda que de uma ditadura se tratasse - e todas as consequências que daí advêm - não era qualquer um que chegava a Ministro. Os Ministros eram gente séria, estudiosa, entendida e até certo ponto "inatingível". Quero dizer com isto que, ao contrário de outros tempos, hoje qualquer um corre o risco de se tornar adjunto de um Ministro, Secretário de Estado, Ministro ou mesmo Primeiro-Ministro. E aí está o exemplo: temos à frente do Governo um mentiroso, um incapaz, que começa a contagiar aqueles que o rodeiam (ainda que se auto-proclamem professores catedráticos com uma sabedoria acima da média). E isto leva-nos a ter o país que temos! Um país de desenrascas e desenrascados, um país em que a mentira não tem consequências ainda que seja praticada pelos mais altos representantes da Nação, um país em que qualquer mentiroso se arrisca a ser defendido por um conjunto de advogados do diabo, rogando a sua boa-fé e preocupando-se imediatamente em instaurar um processo de vitimização, ainda que nada saibam sobre quem defendem...
É esta a sina deste país...
Um país onde a discussão com incompetentes a nada leva, sendo que os incompetentes se preocupam primeiro em baixar-nos ao nível deles e depois ganhar-nos em experiência!
Vamos arregaçar as mangas, vamos ao trabalho, vamos mudar isto!
Não aceitem ser representados por mentirosos; não aceitem que além-fronteiras nos vejam como um povo mesquinho e corrupto; não aceitem que os Governantes façam o que lhes apetece! A Democracia foi criada com outro propósito, que não o que lhe é dado neste momento! Foi criada com o propósito de servir o Povo, de demolir alguns limites à representação popular e de dar ao Povo e pelo Povo a opção de escolher os seus representantes, de fazer valer a sua opinião e ideologias! Vamos fazê-lo! Vamos usar a Democracia e não permitir que alguns abusem dela
Estamos sempre a tempo!
E a maior ajuda que nós, os que querem a mudança (maioritariamente de mentalidades) poderíamos ter, era que os que hoje ainda acreditam neste tipo de sociedade acordassem e caíssem na real! E aí sim, iriam ver o que nos têm vindo a fazer passar!

segunda-feira, abril 26, 2010

25 de Abril: Mais um aniversário...

Porque passou mais um aniversário sobre o 25 de Abril de 1974 (o 36.º...), surge este post que diz respeito ao discurso que tive oportunidade de fazer, em representação do CDS/PP na Assembleia Municipal de VN Famalicão, há 3 anos atrás.
É curioso como, 3 anos depois do discurso (ou deverei dizer 36 anos após a Revolução...?!), este continua tão actual...

"Ex. Mos

Senhor Presidente da Assembleia Municipal

Senhor Presidente da Câmara Municipal

Senhores Vereadores

Senhores Deputados

Senhores Presidentes de Junta

Autoridades Civis, Militares e Religiosas

Minhas Senhoras, meus Senhores,

Caros Jovens:

Comemoramos Abril! 25 de Abril de 1974.

Passam hoje 33 anos sobre a data da Revolução dos Cravos.

Àquela data não era nascido.

No entanto, inseridos que estamos numa sociedade informativa e presumivelmente informada, seria pouco credível que um jovem minimamente interessado não tivesse substancial conhecimento dos factos à época ocorridos, das motivações para tanto, dos resultados e consequência dos mesmos e, essencialmente da capacidade que devemos ter, enquanto jovens, que nos devemos preparar eficazmente para “gerir” o futuro, da capacidade, dizemos, para sobre os mesmos nos debruçarmos, meditando e retirando as devidas ilações.

Constituiu a Revolução de Abril de 1974 um ponto de viragem na História recente do nosso país. Eventualmente terá sido para todos quantos a levaram a cabo, a “derradeira” saída para a libertação do Povo de um regime anti-democrático, opressivo e que, àquele tempo, já caminhava contra a História. Isto é, não era concebível.

- A opressão na Metrópole;

- A opressão/sujeição a que estavam votados os Povos Ultramarinos;

- O recrutamento dos jovens para cumprirem o Serviço Militar Obrigatório mantendo uma Guerra sem sentido;

- As máximas adoptadas e a que era feito “jus” pela Governação, apelando a “valores” que não se coadunavam com o pensamento e a prática generalizada, na segunda metade do século XX;

- O não desenvolvimento global do nosso País;

- As duras, amargas e tantas vezes injustas condições laborais que mantinham uma significativa parte da população activa em condições quase de miséria;

- A Educação e a Cultura centradas em “mitos” e que redundavam em exagerado analfabetismo;

- A censura impedindo a divulgação cultural e o consequente acesso;

- A existência de estruturas de manutenção do Poder instituído, opressores por excelência;

- A proibição de existência de Partidos Políticos e Organizações Sindicais;

- O manifesto afastamento, em termos latos, dos restantes Países e essencialmente dos respeitadores dos Direitos Humanos…

…nomeadamente contribuíram para a Revolução Operada que constituiu a ESPERANÇA de um futuro melhor, graças à coragem dos “Capitães de Abril” que homenageamos.

Chamava-se então por PAZ, PÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO…LIBERDADE!...DEMOCRACIA!!

E era possível!

O período post-revolucionário viria a expor ainda mais as “fraquezas” do regime derrubado, apesar das aparências de muitos anos.

Poderemos aqui dizer que houve excessos. Houve! E muitos! Porém, permitimo-nos entendê-los.

Desde logo, pela compreensível imaturidade democrática; a confusão no conceito de liberdade. Queria-se, desejava-se como de “pão para a boca”, mas não estava ainda devidamente assimilado o conceito.

Depois pela ânsia e necessidades acumuladas e crescentes de um Povo oprimido, de um Povo triste, que pretendia ser feliz.

Mas era preciso dar tempo ao tempo.

E neste particular do tempo ao tempo, permitimo-nos aqui saudar, todos quantos colocando o seu saber ao serviço de Portugal foram capazes de criar condições para a consolidação do Regime Democrático instaurado pela Revolução, e nomeadamente os líderes dos Partidos Políticos que de uma ou outra forma se impuseram e inviabilizaram qualquer retrocesso.

Entretanto, ocorreria a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, mais tarde à União Europeia e depois à moeda única.

Os recursos canalizados por força de tal adesão permitiram significativa melhoria das condições de vida em Portugal. Aliás, era esse o sentido.

No entanto, continuamos aquém.

Ao comemorarmos o 33º aniversário da Revolução, que constituiu a ESPERANÇA dos Portugueses no Portugal ao nível dos restantes países da Europa, verificamos, com tristeza, que estamos muito aquém da maior parte dos países que fazem parte da União Europeia em que nos inserimos.

E pode e deve este momento que é de homenagem a tantos e “valorosos” cidadãos servir para uma profunda e exigível reflexão.

Reflexão exigível na medida em que pretendemos canalizar todas as energias e envidar todos os esforços rumo ao futuro;

Reflexão profunda sob pena de a dialéctica, a argumentação apresentada pelos responsáveis pela gestão da “coisa pública”, nos induzir em erro e a todos encaminhar no sentido de um “despercebido” regresso, valendo-se da polissemia própria dos nossos vocábulos mas que em termos práticos redundará, como parece redundar, no exercício do “poder autoritário”, em vez do exercício com autoridade. São exemplos as mais ou menos recentes medidas e tomadas de posição em sectores como a Educação, contra alunos e professores, na Saúde em manifesto prejuízo dos utentes; nas Finanças, quando os contribuintes fiscais são perseguidos e “espoliados”, nos Investimentos Públicos, quando são adoptadas medidas de carácter técnico e que deveriam ser tomadas exclusivamente por técnicos, o são por políticos…alguns dos casos que revertem exactamente a vontade autoritária e a medida do autoritarismo.

Preocupados que estamos com o futuro e cientes que nos incumbirão responsabilidades, dada a classe etária em que nos encontramos, manifestamos a nossa disponibilidade para continuar a comemorar Abril, mas cientes de que é urgente RENOVAR A ESPERANÇA.

E por tanto pugnaremos.

Comemoraremos Abril, sempre!"

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Mário Crespo - "O Palhaço" - Jornal de Notícias

O palhaço

O palhaço

2009-12-14

O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.

O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.

Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.

O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.

E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.

Ou nós, ou o palhaço.

segunda-feira, outubro 05, 2009

O Papão

As últimas eleições legislativas, decorridas no passado dia 27 de Setembro, abriram um novo cenário de governação em Portugal, algo semelhante àquele que os portugueses tiveram oportunidade de presenciar em 1983, aquando da formação do "Bloco Central", entre os dois partidos mais votados - (PS e PPD/PSD).
Não admira, portanto, que perante tal panorama, volte a ser assunto do dia a reedição do tão proclamado "Bloco Central", visto por ilustres representantes do PS e do PSD como o retorno de um "D. Sebastião" que há tanto é esperado em Portugal.

Está longe de ser esse o meu pensamento.

Antes de mais, urge referir que PS e PSD (com uma ligeira intromissão do CDS) foram e são (não acredito que assim seja no futuro) as únicas forças políticas que constituiram Governo na nossa Nação. Deste modo, e fazendo uma breve reflexão sobreo estado do País 35 anos após a Revolução dos Cravos, que supostamente implementariaum justo e transparente sistema político, social e económico, constatamos que estes dois partidos, PS e PSD, em nada serviram ou servem os interesses lusitanos.
Foi por esse sistema justo que os portugueses lutaram! Essa era a luta travada nessa Revolução, mas mais do que isso, essa foi a luta travada durante o PREC, o perído mais aterrorizador politica e socialmente em Portugal, desde a implementação da República.
Fomos, desde aí, governados por Mário Soares, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates...entre outros...
E 35 anos depois, somos provavelmente o país mais atrasado da União Europeia (quiçá da Europa) e, mais grave ainda, sem perspectivas de futuro. Resta-nos acreditar num reeleitoPrimeiro Ministro que mentiu descaradamente aos Portugueses durante quatro anos e meio (é ingénuo quem não acredita que ele o continuará a fazer!), que nunca conseguiu retirar Portugal da cauda da Europa - antes pelo contrário afundou-nos ainda mais - ou numa pseudo-oposição laranja que com a sua "política de verdade" nos quer fazer ver que eles sim, elevarão o nome do nosso País, como se nunca tivessem tido essa oportunidade!
Depois, é possível, numa análise de sensibilidade, tomar várias interpretações dos resultados eleitorais das eleições legislativas recentemente passadas.
Em primeiro lugar, considero impensável - estou certo que noutro qualquer país da União Europeia não aconteceria - o facto de perante tal descontentamento do povo com os seus Governantes, a abstenção atingir os 40%, valor (NOTE-SE!) superior à votação obtida quer pelo Partido Socialista (putativo vencedor do acto eleitoral), quer pelo PSD;
Depois, penso ser justo referir o facto de aproximadamente 30% dos votos (um terço da população votante - aproximadamente um milhão e setecentos mil votos) se terem destinado aos "pequenos partidos", destinando votos que outrora seriam seus para partidos com convicções - sejam comunistas o democratas-cristãos - tornando como os verdadeiros vencedores da noite, em primeiro lugar, o CDS/PP, logo seguido pelo Bloco de Esquerda. Ora, estes resultados podem ser explicados pelo "cansaço" que o Povo Português sente por ser orientado pelos mesmos partidos desde há vários anos a esta parte e, em consequência, termos um país cada vez pior.

Deste modo, e porque - à excepção do período entre 1983 e 1985, em que ambos (e juntos) governaram (e mal!) - cada um dos partidos (PS e PSD) foram alternadamente governando e orientando por si só as lides deste país, a última coisa que gostaria de ver - e como eu milhares ou milhões de portugueses - seria a reedição de um "Bloco Central", em que pior do que um partido a Governar mal, teríamos dois partidos a Governar mal em simultâneo.

Bloco Central não, o Papão não pode voltar.